(Região de Touraine na França,
Foto de Carla Catalão)
"Foi até o fim, mesmo percebendo que não havia mais nada lá dentro, lá no fundo, lá no final, mais nada além de algum resto de coisas que cairam ao acaso, e que ninguém se importava em rever, recuperar, pegar, “coisas ficam para trás”, pensou enfaticamente e num lamento sustentado pela certeza de que teria que prosseguir.
“Coisas ficam para trás”, repetiu naquele momento, pretendendo que fosse apenas um observador de mais um instante, alheio, não seu. E repetiu que coisas ficam para trás, horas, dias, tempo, o tempo sem círculo, sempre linear, sempre a linearidade a ampliar a distância, por mais que íntimo, por mais que o pensamento, por mais que a força das recordações, por mais que a vivacidade do olhar, sempre parece que a linearidade do tempo é mais forte, criando crostas cinzentas, turvas, vidros embaçados tornando a visão quase nada, opaca.
Embora mantivesse o seu olhar em direção ao que nem conseguia enxergar à sua frente, embora tudo ali tão presente, foi inevitável o breve instante em que olhou para o canto, não apenas o da estante já quase vazia, mas, e muito mais, para um canto outro, aquele que o fez engolir aquela saliva travada na garganta, como se fossem pedras."
(Texto do meu amigo I. Luiz Andrade do Blog O Silêncio e a Bagagem)
wonderful photo:)
ResponderExcluirplease visit me in free time:)!
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Carla,
ResponderExcluirObrigado pelo texto!!
Abraçosss