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quinta-feira, 28 de julho de 2011

E se

Parc Floral
Foto de Carla Catalão




"E se não fossem as horas
aquelas de quando tudo,
de quando nada,
de quando todas as coisas
envoltas nas palavras que nem deviam
e nas que faltaram para que tudo,
para que nada além,
para que muito mais fossem
outros os sentimentos
e outros e outros os caminhos
que não os que depois,
os que nunca,
jamais o entorpecer
das horas seguintes embriagadas
e sustentadas apenas por um fio, um fio,
um fio que se o vento atravessar
as fronteiras nada mais,
nada mais, apenas o fio sem o elo mesmo
que qualquer o elo
a sustentar a fragilidade nada além,
quase imperceptível de tão nada.

E se
E se fossem apenas a utopia das horas
que até em segundos transitam
entre o tempo imaginário
e o tempo muito mais que o imaginário,
o que é,
e no relógio os ponteiros se encontrando
e pouco a pouco longe,
distante, e novamente,
outra vez muito mais que apenas as palavras,
mas a pausa embrutecida
enquanto as interrogações se enfileiram
e no rosto e nos olhos e nas pálpebras
e onde mais a certeza de quando,
a incerteza de quando,
e se, e se, outra pausa, outra pausa, e se.
E se dentro das palavras caladas
e nas outras palavras o contemplar
do que não era,e do que era,
e do que seria e do que não seria,
e se dentro das horas a inexistência
e apenas imagens opacas
e todas outonais se confundindo
nas estações não apenas do tempo,
não apenas,
se."


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