
''Se um passarinho for bicar teu sono saibas que sou eu
Sou eu a aurora boreal pousando em teus trigais
E se uma estrela incandescesse no breu dos teus breus
Hás de saber então das trevas que me são mortais
Hei de ver Carmem então como o mais reles dos plebeus
Para dizer-te então que o meu amor é tão ateu e herege como os fariseus
Que um dia Cristo expulsou do templo sem lhes dar perdão
Chicoteando, escorraçando aqueles vendilhões
E eu me sinto tal e qual um torpe, vil pagão
Que nem provou da hóstia e o vinho em santa comunhão
Mas que roubou sem dó as cordas do teu coração
E encordoou com elas sua enorme solidão''
(H. Belo de Carvalho)
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